terça-feira, 17 de julho de 2012
Tantas Sagas da Marvel e DC são realmente necessárias?
Sim e não.Vamos para uma breve história sobre as editoras. Tanto a Marvel quanto a DC são empresas e como tais precisam de lucros para sobreviver. Começaram a fazer Hqs de super-heróis porque era a tendência e viram uma oportunidade de lucrar. A DC, antiga National Comics, na década de 1930, lançou o primeiro super-herói com super-poderes, o Superman, sucesso deste então. Com o tempo, aumentando o número de heróis da editora, começou a se tornar uma empresa poderosa. Nos anos 1960, nascia a Marvel Comics, antiga Timely Comics, com super-heróis mais humanos e uma nova empresa que se tornaria poderosa. Os super-heróis entraram na cultura americana e conquistaram o mundo. As Hqs eram produzidas por talentosos escritores e desenhistas. Isto fez que os heróis tivessem uma grande legião de fãs nos EUA e após estes personagens ganharem esenhos animados, fãs ao redor do mundo. Assim o lucro andava de mãos dadas com a qualidade. Mas chegou um momento que as vendas começaram a cair e então o status quo dos personagens tiveram que ser mudados. Afinal, se as vendas estão caindo, alguma mudança tinha que ser feita. E também é preciso sempre aumentar as vendas, ou seja atraindo novos leitores ou criando novas revistas. Nos anos 80 houve um boom nos mercado de quadrinhos, escritores e desenhista se tornaram estrelas, as Hqs que eram impresas em papel de pouca qualidade e vendidas nas bancas, custavam apenas alguns centavos de dólar, passaram a ser vendidas apenas em lojas especializadas, com qualidade muito superior e começaram a ser vendida por alguns dólares. Começava uma nova era para os Quadrinhos, uma gestão mais profissional. Uma das vantagens disto era que além de custar mais caro para o cliente, o que aumentava o lucro da empresa, era só vendida o que era encomendado, ou seja, não tinha encalhe em estoque, assim diminuindo a despesa das editoras. Também poderiam gerir melhor as revistas dos heróis, pois conseguiam saber em tempo real quanto estavam lucrando, diferente de antigamente que só sabiam como era as vendas meses depois de impresso e distribuído. Assim eles sabiam se determinada revista era sucesso, a Hq teria vantagem se fosse mensal ou melhor seria se fosse quinzenal, se o personagem deveria ganhar mais uma ou mais revistas, se deveria ser cancelada, etc. A profissionalização das editoras era inevitável. Mas nos anos 90 houve uma procura exorbitante de HQs, um exemplo é a revista mais vendida de todos os tempos, dos X-men, de Chris Claremont e Jim Lee, que vendeu 8 milhões de exemplares. O que ocorria não era que tinha aumentado o número de leitores, mas sim que os leitores compravam vários exemplares para depois vender bem mais caro.
Este mercado especulativo, fez por criar uma bolha que estorou e então o mercado de Hqs entrou em crise. A DC comics, propriedade da Warner conseguiu se manter graças a gigante do entreterimento, mas a Marvel entrou em concordata, quase falida, mas tempos depois se reergueu e voltou a ser a editora número um novamente, tanto que após seus personagens se tornarem famosos no cinema, a própria editora criou um estudio, a Marvel Studios e fez muito sucesso com seu primeiro filme, o Homem de Ferro. Poucos anos depois, foi comprada pela poderosa Wall Disney Company, por 4 bilhões de dólares.
Mas no mercado de Hqs, a concorrência ou queda da venda das revistas por desinteresse do leitor sempre foram as ameaças que as editoras tiveram que lidar. No caso da DC, a concorrência com a Marvel era muito acirrada, pois os heróis da editora do Homem-Aranha, Hulk e companhia estavam ganhando sempre nas vendas. Um dos motivos era que, como os heróis mais famosos da DC tinham sido criados entre 1930 e 1950, ficava difícil novos leitores de acompanhar suas histórias, diferente da Marvel, que era uma editora mais nova. A solução era atualizar os personagens, sem esquecer suas origens.Como? A DC simplesmente atualizava colocando o novo universo com a sendo uma realidade alternativa. Assim surgiu as infinitas terras paralelas.
Cada uma tinha uma versão de seus heróis. Super-homem da Terra-2, Super-homem da Terra ativa, e por aí vai. Assim, a DC Comics atraia novos leitores, mas sem esquecer dos antigos. Mas com os anos acabou virando um problema. Com a bagunça que era o Universo DC com muitas Terras paralelas, a editora novamente perdia em vendas e precisava fazer algo para mudar esta situação. Não lembro se esta foi a primeira saga das Hqs, mas com certeza foi a mais importante. Nos anos 80 era publicada Crises nas Infinitas Terras, a saga que reformulou todo o Universo DC em um único universo. Uma saga tão importante que até hoje é lembrada ( naquele tempo não chamavam ainda de reboot). Todos os heróis foram reapresentados, origens modificadas, ou seja, começaram do zero. Realmente foi muito bom, os principais personagens foram muito bem trabalhados, como o Super-Homem por Jonh Byrne, Batman pelo Frank Miller e David Mazzucchelli e a Mulher-Maravilha por George Pérez. Ótimos trabalhos. E como não poderia deixar de ser, a Marvel também queria aumentar suas vendas e não poderia deixar a Distinta Concorrente tomar a dianteira, criou a saga Guerras Secretas, onde os principais heróis e vilões eram transportados para outro planeta por um ser com poderes infinitos, o Beyonder, para lutarem entre si. Não sei se foi aí, mas acredito que a partir daí as sagas tiveram início, embora que até os anos 2000 elas não eram tão comuns.
A partir dos anos 2000, as sagas tornaram-se arroz-de-festa e invadiram todas as revistas. Para o leitor saber o que acontece no capítulo posterior da aventura do seu herói preferido, não dava mais apenas para esperar o próximo número, mas ter que comprar uma revista de um outro herói da editora, além da revista própria da saga. Assim as editoras recuperavam as perdas dos leitores que começaram a deixar de comprar suas revistas. Mas o problema é que muitos leitores deixaram de acompanhar pelo fato, de nos anos 90 as histórias ficarem em segundo plano e só os desenhos serem a mola principal das Hqs. Na verdade, a culpa não era somente das editoras, era uma tendência nesta época, por isto artista com Jim Lee fizeram sucesso, muitas heróinas em roupas minúscula e poses sensuais, heróis marombados e com cara de mau e nada de história. Um grande mal para o mercado, como se mostrou ainda neste periódo. Mas este recurso, as sagas que inteligam todo o universo de cada editora, acaba se mostrando uma faca de dois gumes. Porque, nem sempre o leitor vai conseguir acompanhar a saga, haja dinheiro para isto, comprar tantas revistas, outra, acaba diminuindo a qualidade das histórias, que foram recuperadas pelos novos escritores como Mark Millar, Brian Michael Bendis, Kevin Smith, entre outros. E deste Guerra Civel, entra uma saga atrás da outra, o que acaba por prejudicar as histórias dos personagens em suas revistas. A DC também estava assim, até que fez algo mais radical, pois vendo que ainda estava sempre atrás da Marvel, fez o reboot do Universo DC, mundando totalmente aquilo que se conhecia. Novas origens, novos uniformes, nada era como antes. Deu certo e por meses passou a Marvel nas vendas, um verdadeiro sucesso. Embora a Marvel tenha ultrapassado novamente, foi, mercadologicamente falando, a melhor coisa para a DC Comics e muito bom para o mercado de Hqs, fazendo que houvesse um aumento das vendas, não somente para a DC, mas para o mercado como um todo, pois durantes alguns anos só diminuia as vendas das Hqs.
Então, como podemos ver, as sagas é um recurso bom para as editoras, pois conseguem aumentar as vendas por um tempo, mas como é usado a exaustão, acaba afastando muitos leitores antes do término pela falta de novidade das mesmas. Além disso, como invadem todas as revistas, acabam por diminuir a qualidade das aventuras solo dos heróis, pois não trabalham mais a vida, as aventuras e os coajuvantes deles. Como eu gostava de ver o Homem-Aranha em suas aventuras simples, boas, com todos as suas dificuldades e vitórias do seu dia-a-dia. Hoje não vejo mais isto. Pois ele quase não é mais Peter Parker, nem mesmo vida tem, é quase exclusivamente o Aranha, esta em todas as revistas, como todos os heróis estão nas revistas dele.
As editoras deveriam usar este recurso bem menos, pois estes eventos, como já disse Mark Millar, não é mais evento, pois esta saindo todo mês. Se não é isto, são decisões equivocadas, como o pacto do Aranha com Mefisto ( que será analisado outra hora), que apagou o casamento de Peter com Mary Jane. Ou matar um herói e depois ressussitá-lo. Acho que todos já morreram e ressucitaram. Embora ruim, esta história de matar um herói e traze-lo de volta, começou com o Super-Homem. Mas em uma saga que se mostrou acertada no ponto de vista mercadologico, pois ressucitou o interesse dos leitores no Homem de Aço, mas uma péssima história, com uma explicação fraca para o herói voltar a vida.
A Marvel e DC são empresas e como tais precisam dar lucro para continuar existindo, mas também tem obrigação de entregar materiais de qualidade, pois as sagas ou eventos, não podem ser usadas como muletas, visto que o formato acaba por se desgastar e somente faz que se prolongue o que está ruim. Deve se preocupar com a história, trabalhar os personagens como eram feitos antes, com histórias empolgantes, desenhos sempre em evolução.Embora as sagas ou reboot sejam uma decisão lucrativa no momento, isto não irá durar para sempre. São as histórias que prendem os leitores. Sinceramente, os personagens e os leitores merecem mais respeito por parte das editoras.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário